terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Método Pilates: terapêutico e personal

O método Pilates foi desenvolvido pelo alemão Joseph Hubertus Pilates ao longo de toda sua vida. Nascido em 1883, teve uma infância de saúde frágil, mas na adolescência decidiu-se por modificar sua condição de vida e começou a estudar anatomia, fisiologia e fundamentos de medicina oriental de forma autodidática. Assim, desenvolveu princípios de treinamento físico e fundamentou uma série de 34 exercícios chamados “Exercícios Clássicos”, antes mesmo de criar os aparelhos que tanto caracterizam seu método atualmente. 


O treinamento com o método Pilates pregava a utilização do peso do corpo como resistência, sem utilizar nenhum tipo de acessório, além da expiração abdominal forçada durante a execução de forma a fortalecer a região de músculos abdominais e lombares que ele chamava de “power house” (“centro de força”). O método também incluía exercícios de alongamento e relaxamento musculares. Todos os exercícios do método Pilates deviam ser executados lentamente e com extrema concentração, valorizando muito a excelência do movimento. Desta forma, construía-se um corpo forte e flexível conduzido por uma mente calma e consciente. 


No seu estúdio, isto exigia a atenção constante de Joseph Pilates em seus alunos, fazendo com que ele os acompanhasse individualmente e demonstrasse os exercícios em seus mínimos detalhes, usando a si mesmo como modelo. Joseph Pilates era um praticante assíduo de seu próprio método e garantia que sua saúde era fruto desta atividade. Assim, não havia ninguém melhor que ele para divulgar formas de aprimorar a saúde. Atualmente, há uma tendência crescente a se praticar o método Pilates com acompanhamento individual, em domicílio, e focando os aspectos terapêuticos, fazendo com que a prática do método retorne às suas raízes.

Por Fernando M. Pinheiro


segunda-feira, 30 de março de 2015

Minha experiência com a meditação

A Resolução nº 380/2010 publicada no DOU no dia 11 de novembro de 2010 regulamenta o uso das "Práticas Integrativas e Complementares de Saúde" pelos fisioterapeutas, desde que a formação seja comprovada pelo MEC. Apesar de não ter tal formação para ensinar meditação, eu acredito que meu depoimento seja de grande valor para orientar todos aqueles que desejem melhorar sua qualidade de vida e atingir muitos benefícios através da prática de qualquer modalidade de meditação. Não desejo, de forma alguma, "converter" ou convencer ninguém a nada.

Eu já havia experimentado algumas diferentes técnicas de meditação quando conheci a meditação Vipássana através de uma reportagem em 2008. Após muitas postergações e obstáculos reais, eu me inscrevi num curso de meditação Vipássana somente em 2014. Ao contrário do conceito ocidental e moderno de meditação onde a pessoa relaxa corpo e mente num lugar confortável, a meditação Vipássana preconiza que a pessoa permaneça sentada, imóvel e com a mente focada durante longos períodos de tempo. Preparei-me psicologicamente durante cerca de três meses, pois eu conhecia o programa do curso e sabia que não seria fácil para mim. Seriam dez dias no meio da floresta, sem poder usar celular, ler ou escrever nada, com uma alimentação vegetariana e regrada, sem poder falar uma palavra sequer com ninguém. No final, isso tudo eram somente detalhes perto da grande experiência que eu tive lá.

Eu não estava hospedado em um resort ou spa. Eu não tinha luxo algum lá, mas estava muito bem instalado e tinha tudo do que precisava, oferecido com grande generosidade. Isso fazia do lugar um lugar especial. Cerca de onze horas diárias de meditação tinham o efeito físico de pequenas maratonas. Diariamente, éramos instruídos sobre a técnica de meditação e assistíamos palestras sobre ética e moral, sem nenhum teor religioso ou messiânico. A todo momento nossas mentes eram amoladas com facas e nossos corpos eram fortalecidos como esculturas. Segundo essa tradição específica de meditação, não havia como ser disciplinado sem os esforços físico e mental. Ao final do curso, informaram não havia necessidade de continuar com uma rotina tão dura de meditação e recomendaram que meditássemos no mínimo duas horas diárias em casa. 
De volta para casa, eu notei que mesmo essas duas horas diárias de meditação eram muitas vezes impossíveis de serem realizadas. No entanto, a meditação havia se tornado algo essencial e eu passei a meditar sempre que possível, ainda que fossem poucas horas semanais. Eu percebi que os detalhes do mundo tornaram-se grandes. Minha mente estava focada e cada tarefa realizada era uma tarefa de grande importância. Os dias tornaram-se produtivos e um único dia parecia ter mais de vinte e quatro horas. 

Eu estava mais calmo. Não "anestesiado"; eu estava realmente calmo.

A impressão mais impactante que tive foi perceber como minha própria mente me observava. Assim, percebi como eu vinha sendo cruel, intolerante e crítico com as pessoas. Era como observar-se diante de um espelho. E eu não gostava do que via refletido. Havia um lado ruim e um lado bom. O lado ruim: a imagem era desagradável e parecia imutável. O lado bom: era possível mudar e a mudança já havia se iniciado. Mesmo após treze meses, enquanto escrevo este texto, vejo que as mudanças ainda se processam. Como uma pedra lançada no centro de um lago, produzindo ondas concêntricas que se propagavam mais e mais. Assim como nos disseram numa das palestras, aqueles dias haviam sido "dias notáveis".

Uma pessoa que medita não é necessariamente uma pessoa boa ou ruim. É uma pessoa que embarcou na jornada de se tornar um ser humano melhor em todos os sentidos, para si mesmo e para os outros.

Por Fernando M. Pinheiro

Para maiores informações sobre a meditação Vipássana na tradição de Sayagyi U Ba Khin, assista ao documentário "Doing time, Doing Vipassana".



quinta-feira, 19 de março de 2015

Mudando hábitos de vida

Uma das maiores dificuldades em se tratar um paciente dentro da Medicina Tradicional Chinesa é o fato de que mudar seus hábitos de vida é algo que só depende dele mesmo. Muitas vezes, a raiz de seu problema de saúde reside em alimentação equivocada, emoções desmedidas, ociosidade, postura incorreta... Enfim, a raiz de seu problema de saúde muitas vezes está intimamente ligada ao seu estilo de vida.
Através da acupuntura, por exemplo, poderíamos tratar um paciente com má digestão, mas se ele continuar a comer alimentos pesados e tarde da noite, nossos resultados ficariam limitados. No caso de um paciente com dificuldades para dormir e sono agitado, o simples gesto de desligar a televisão ao se deitar pouparia algumas agulhas em cada atendimento e menos sessões seriam necessárias. Um paciente com sobrepeso poderia ser tratado de forma que a acupuntura estimulasse seu sistema digestório e aumentasse seu metabolismo, mas ele também necessitaria fortemente de atividades físicas regulares e acompanhadas.

A acupuntura é um técnica preciosa; não é um milagre em si.

Em verdade, a acupuntura nos oferece opções de tratamentos e resultados que muitas vezes são difíceis de alcançar e, às vezes, aparentemente impossíveis. Ela é um recurso cuja relação “quantidade de esforço”/“resultados” é muito vantajosa, uma relação expressa pela utilização de algumas agulhas com a obtenção de melhoras significativas na saúde. Poderíamos entender a acupuntura, como pedras jogadas num rio. Dependendo da quantidade e do tamanho das pedras e do local onde elas forem lançadas, nós seríamos capazes de mudar a qualidade do fluxo desse rio e, ainda assim, ele nunca deixaria de ser um rio. No entanto, seria sempre necessário cuidar de sua nascente, de sua foz, do seu entorno e de sua vegetação...
No universo, há uma dificuldade natural ao se tentar vencer a inércia. O mais difícil de todos os passos nesse tipo de caminhada é o primeiro passo. Isso faz com que, de forma geral, qualquer mudança em nossas vidas seja algo complicado, mas não impossível! A orientação do paciente segundo a óptica oriental faz parte do tratamento através da Medicina Tradicional Chinesa. Eu prefiro chamar essas mudanças nos hábitos de vida de “retorno à vida natural”. Quanto mais nos afastamos de um estilo de vida compatível com o que a natureza planejou para o nosso corpo e nossa mente, maior será a tendência para adoecermos. Assim, para que a acupuntura se torne mais eficiente é necessário que o paciente melhore seus hábitos de vida. No final, o paciente é recompensado em dobro!

Por Fernando M. Pinheiro


domingo, 17 de março de 2013

Moxabustão (parte 2)

A moxabustão é uma técnica muito antiga praticada dentro da Medicina Tradicional Chinesa. O texto médico mais antigo que menciona sua prática é o “Livro do Imperador Amarelo” (“Huan Di Nei Jing”), datando do período entre 722 a.C. e 221 a.C.. Por exemplo, no capítulo 73 do seu volume “Eixo Espiritual” (“Ling Shu”), aparecem estas duas importantes recomendações sobre a moxabustão:

“Às doenças onde o agulhamento não for adequado, aplicar moxabustão”.

“Para aqueles em que tanto o Yin como o Yang estiverem deficientes, aplicar a moxabustão”.




Assim, 
segundo os textos clássicos, as principais funções da moxabustão são: 
- Dispersar o Frio e aquecer;
- Dispersar Fatores Patogênicos Externos;
- Tonificar o Qi e nutrir o Sangue (Xue); 
- Promover a circulação de Qi e Sangue (Xue);
- Remover a estagnação de Sangue (Xue);
- Recuperar o Yang debilitado ou colapsado;
- Promover a saúde e prevenir doenças.

Como se pode observar, nem todas essas funções fazem referência ao Calor ou ao Yang, mostrando que a moxabustão 
pode ser usada tanto para padrões de deficiência como para padrões de excesso. Isto amplia a variedade de quadros clínicos em que a moxabustão pode ser usada, desde que sejam obedecidos rigorosamente os conceitos da Medicina Tradicional Chinesa, e enfatiza a ideia de que a moxabustão não é interessante somente pela sua produção de calor. Não podemos nos esquecer de que o clima da China varia de acordo com a geografia, com estações secas e monções úmidas que levam a diferenças de temperatura no inverno (frio e seco) e no verão (quente e úmido). Mesmo assim, a prática terapêutica da moxabustão cresceu, floresceu e prosperou na China. Se essa versatilidade de aplicações da moxabustão não fosse verdade, seu uso seria contraindicado em cidades quentes e úmidas como o Rio de Janeiro ou em países com o clima tão diversificado como o Brasil. 

No entanto, algumas contraindicações reais da moxabustão são:
- Pacientes sob efeito de álcool ou drogas;
- Pacientes hipertensos, em pontos na cervical e na cabeça;
- Febre;
- Intoxicação;
- Áreas hipossensíveis (seqüelas neurológicas, pé diabético, cicatrizes etc);
- Diretamente sobre edemas;
- Alguns pontos, durante gestação.

A moxabustão tem uma série de aplicações clínicas que incluem:
- Gripe e resfriado;
- Cansaço e indisposição física;
- Alterações emocionais;
- Alterações do sistema digestório;
- Deficiência na absorção de nutrientes;
- Anemia;

- Tendinite;
- Artrose.


Aqui cabe uma pequena, mas interessante, história.
Na década de 70, o físico e pesquisador Gou Wen Bin foi convidado para conhecer uma centenária fábrica de cerâmicas na zona rural da região central da China. Seguindo o raciocínio da Medicina Tradicional Chinesa, Gou ficou preocupado com os trabalhadores, pois eles permaneciam na lama durante a maior parte do expediente e uma exposição prolongada das articulações à umidade poderia causar artrite. Entretanto, após a avaliação dos trabalhadores ele constatou que suas impressões iniciais estavam completamente erradas. Ele percebeu que dentre os trabalhadores não havia nenhum caso de artrite! Intrigado, Gou realizou diversos estudos utilizando um espectrômetro na fábrica. Na região do forno, os medidores encontraram um pico com comprimento de onda variando entre 2 e 25 mícron, que é uma estreita faixa do espectro infravermelho. Os fornos produziam temperaturas em torno de 400°C e emitiam este espectro infravermelho pouco comum. Posteriormente, uma análise da argila a qual os trabalhadores ficavam expostos e que era cozida revelou traços de 33 elementos diferentes como ferro, selênio, manganês, zinco, cobalto, cobre, níquel e cádmio. Com base nestes dados, pesquisas posteriores e vários projetos, Gou desenvolveu uma lâmpada com uma resistência de cerâmica que continha aqueles elementos na mesma proporção encontrada na argila da fábrica. Com esta lâmpada, Gou conseguia produzir calor através de radiação infravermelha na mesma faixa encontrada nos fornos da fábrica, obtendo grandes efeitos terapêuticos. O conceito de uso destas lâmpadas foi popularizado pela sigla “TDP”, proveniente do termo chinês para “instrumento especial espectro eletromagnético” (特定电磁波谱: Tèdìng Diàncíbō Pǔ). O instrumento também é chamado de "moxa elétrica", mas ficou conhecido popularmente como “lâmpada milagrosa”. Este instrumento é pouco conhecido no Brasil e atualmente na China utiliza-se muito o TDP associado com fitoterapia. 
Pesquisadores chineses identificaram alguns dos seguintes efeitos terapêuticos gerados pela aplicação do TDP:
- Dilatação dos capilares sanguíneos;
- Maior oxigenação dos tecidos;
- Melhor desempenho do sistema linfático e da circulação sangüínea;
- Auxílio na liberação de toxinas das células;
- Aumento da renovação celular.

Com base nestas pesquisas, muitos estudiosos acreditam que a queima da artemísia produz um espectro de radiação infravermelha específico, estimulando os pontos de acupuntura e processos biológicos do corpo. Talvez seja esse o motivo para o uso da artemísia, e não de outra erva ou de outra fonte de calor superficial, pois cada erva teria uma “assinatura energética” característica. Isso também explicaria porque muitos casos dentro da Acupuntura não são resolvidos somente com agulhas, confirmando mais uma vez a citação dos textos clássicos: “Às doenças onde o agulhamento não for adequado, aplicar moxabustão”.

Fernando M. Pinheiro


segunda-feira, 11 de março de 2013

Moxabustão (parte 1)

O desconhecimento por parte dos meus pacientes sobre a moxabustão e a resistência de algumas pessoas ao uso desta técnica inspiraram-me a escrever este texto.

A moxabustão é a técnica de aquecimento dos pontos de acupuntura através da queima de uma erva chamada artemísia, nas suas variedades Artemisia vulgaris e Artemisia sinensis, amplamente usada em diversos sistemas de medicina tradicional no Oriente, como na China, Japão e Vietnã. Os japoneses chamam-na “mogusa”, de onde veio a corruptela que originou seu nome no ocidente: “moxa”.

Primeiramente, devo lembrar que a moxabustão é uma técnica que deve ser usada com cautela e somente por acupunturistas devidamente preparados. E antes de explicar seus efeitos devemos abordar as formas de utilização da moxabustão dentro da Medicina Tradicional Chinesa. Existem algumas técnicas, muitas formas de aplicação e variações destas formas; abordarei apenas algumas delas.

Moxabustão direta
Esta forma de moxabustão usa a erva prensada na forma de um “bastão de moxa” que é aceso e aproximado do ponto de acupuntura. A intensidade do calor da aplicação é determinada pelo paciente que informa se está esquentando muito ou pouco. É a forma mais conhecida e utilizada no Ocidente.

Existe uma variação desta forma, onde é usado um “bastão de carvão de artemísia”, que não produz fumaça e quase nenhum odor. Esta é uma forma indicada e usada em ambiente fechados com pouca circulação de ar ou em casos de pacientes sensíveis à fumaça e a cheiros fortes.

A “caixa de moxa” é uma outra forma onde a moxa é espalhada dentro de uma caixa de madeira com um fundo de tela metálica. Então, a moxa é acesa, ficando distante da pele do paciente e aquecendo uma grande área do seu corpo. Esta é uma forma indicada para aquecer grandes áreas como a região lombar, sendo a forma que mais produz calor terapêutico. (E mais fumaça!) É uma forma artesanal e pouco utilizada no Ocidente.

O “cone de moxa” é uma forma de moxabustão que utiliza a artemísia na forma de pequenos cones de 1,0 a 1,5 centímetro de tamanho, posicionados cuidadosamente sobre a pele do paciente, exatamente nos pontos de acupuntura. O cone é aceso no topo com um pequeno bastão de incenso e deixado queimar até que o paciente relate aquecimento ou até que o acupunturista habilmente determine sua retirada. O cone é retirado com perícia, deixando a pele intacta. O caso de cada paciente vai determinar o número de cones utilizados. Normalmente, quanto mais cones, mais se tonifica o ponto em questão. Em uma variação desta forma chamada “moxa escarificante”, deixa-se a moxa queimar a pele do paciente. No entanto, esta forma é pouquíssimo aceita no Ocidente e de rara utilização, por motivos óbvios...


Há, ainda, uma forma de moxabustão utilizada na Acupuntura Japonesa semelhante aos “cones de moxa”, cuja única diferença é o tamanho dos cones. Na verdade, a moxa é moldada na forma de pequenos grãos de arroz e aderidos na pele com uma gotícula d'água. A moxa é acesa e retirada como na forma anterior, mas a produção de calor é mínima, ainda que possa ser sentida pelo paciente. Além de mais segura e de produzir pouquíssima fumaça devido à quantidade mínima de moxa utilizada, eu já tive ótimos resultados usando esta forma de moxabustão em meus pacientes.



Moxabustão indireta
Nesta forma de moxabustão, os cones citados anteriormente são colocados em cima de fatias de alho, gengibre ou pequenos montes de sal, promovendo a dispersão do calor numa área maior e aproveitando-se das propriedades das substâncias presentes nestes anteparos em contato com a pele.




Pelo contrário do que se pensa, a moxabustão não é interessante somente pela produção de calor. Se isso fosse verdade, o uso da moxabustão seria indicado somente para lugares de clima frio e para casos clínicos onde o Fator Patogênico Externo é o Frio. Mas não é isto que acontece. Como foi dito acima, a técnica que utiliza os pequenos “grãos de moxa” quase não produz calor. Então, qual seria a possível explicação fisiológica para o funcionamento da moxabustão? Quais suas funções?

Para não deixar o texto muito grande, deixarei para responder essas perguntas e outras mais na próxima postagem, quando falarei também sobre as indicações e contraindicações para a moxabustão.

Por Fernando M. Pinheiro



segunda-feira, 16 de abril de 2012

Os Fisioterapeutas podem praticar a Acupuntura #2

Pelo fato de a mídia não ter se pronunciado sobre a conclusão desse caso e pelas notícias desencontradas, manipuladas e tendenciosas "sobre quem pode e quem não pode" praticar a acupuntura no Brasil que foram veiculadas nas últimas semanas pela mídia, eu resolvi me manifestar aqui mais uma vez.

Nenhuma pessoa ou classe ou instituição está acima da Lei.

Abaixo, a nota oficial do Tribunal Regional Federal da 1ª Região sobre a conclusão do referido caso. (abra a imagem abaixo numa nova janela)

Por Fernando M. Pinheiro

sábado, 31 de março de 2012

Os Fisioterapeutas podem praticar a Acupuntura #1

Em função das notícias desencontradas, manipuladas e tendenciosas "sobre quem pode e quem não pode" praticar a acupuntura no Brasil que foram veiculadas nos últimos dias pela mídia, resolvi me manifestar aqui.

Esta não é uma manifestação de cunho político, profissional ou pessoal, nem mesmo agressiva, apesar de ter me sentido triplamente agredido (como cidadão, como fisioterapeuta e como acupunturista). Mas é uma manifestação que tem o intuito de levar a informação correta à população leiga.

Nenhuma pessoa ou classe ou instituição está acima da Lei.

Meus parabéns ao COFFITO pelo posicionamento e pela defesa dos seus profissionais. (abra a imagem abaixo numa nova janela)

Por Fernando M. Pinheiro

terça-feira, 20 de março de 2012

A chegada do Outono

Segundo a Medicina Tradicional Chinesa, as ações combinadas da "Energia do Céu" e da "Energia dos Cinco Movimentos" originam as "Seis Energias Climáticas" que podem agredir o corpo humano. Essas "Seis Energias Climáticas" são Vento, Fogo, Calor, Umidade, Frio e Secura. Com a chegada do outono, observamos uma variedade muito grande de manifestações climáticas, ainda que suaves. Nuvens, brisa, chuvisco, sol, temperaturas suaves com variações amenas (mas perfeitamente perceptíveis). Tudo sempre acompanhado da Secura.
Cada uma dessas "Seis Energias Climáticas" tem um órgão energético correspondente. O órgão relacionado à Secura é o Pulmão. Este, por sua vez, está relacionado ao outono. O Pulmão é o órgão energético mais próximo do exterior e controla a pele, sendo também chamado de "sistema delicado", já que é suscetível às agressões dos fatores patogênicos e responsável por distribuir o Qi pela superfície corpo a fim de protegê-lo. Dessa forma, sempre podemos esperar no outono muitos casos de gripes e resfriados em que todo o trato respiratório é muito agredido pela variedade grande de mudanças de temperatura e de umidade. Quadros de faringite e amigdalite que evoluem da noite para o dia com tosse seca e não-produtiva são característicos do outono e da canícula que o precede. Lembramos, então, de um ditado chinês: "boca seca, porta para doenças". Assim, recomendamos a ingesta de água; não necessariamente em excesso, mas sempre.
Os órgãos energéticos também tem sabores relacionados, sendo o sabor picante relacionado ao Pulmão. Recomendamos, então, alimentos como cebola, pimentas e principalmente gengibre, a fim de tonificar e dispersar o Qi do Pulmão.

O corpo humano reage como um todo às mudanças das estações do ano. Assim, podemos observar não somente alterações físicas, mas também alterações psíquicas. Cada órgão energético possui uma emoção relacionada. No caso do Pulmão, trata-se da tristeza. Recomendamos afastar pensamentos, condições e relacionamentos que nos deixem tristes, pois a tristeza prejudica a dispersão e a descendência do Qi do Pulmão, fazendo com que a respiração se torne superficial e curta ou fique restrita ao topo do peito. São aqueles suspiros, típicos de quem está passando por momentos tristes e difíceis. E precisamos lembrar de que todas as emoções quando sentidas por um longo período tornam-se prejudiciais e consomem o Qi.

Por Fernando M. Pinheiro

segunda-feira, 12 de março de 2012

Reeducação Postural Global (RPG)

A Reeducação Postural Global (RPG) é uma técnica fisioterapêutica que foi desenvovida por Philippe Souchard, a partir dos trabalhos de Françoise Mézières e de muitos anos de estudos em biomecânica e física. Esta técnica baseia-se na “teoria das cadeias musculares” e faz com que determinados ajustes posturais voluntários promovam alongamento do músculos retraídos, de forma que se possa reorganizar os segmentos corporais.
Mas como isso funciona?

Primeiramente, é necessário perceber que a anatomia nos apresenta apenas uma descrição músculo-osso que resulta de um modelo do corpo basicamente mecânico, separando o movimento humano em funções simples. Esta descrição não é capaz de mostrar a perfeita integração que existe em um corpo vivo. No entanto, a “teoria das cadeias musculares” diz que nosso corpo é composto por conjuntos de músculos que se sobrepõem como as telhas de um telhado e se comportam como uma estrutura única. Funcionalmente, o tecido responsável por essa resposta integrada é o tecido conjuntivo. Sem fugir muito do contexto, os tecidos conjuntivos são classificados em tecidos conjuntivos especializados (sangue, cartilagem e osso) e tecido conjuntivo propriamente dito. O tecido conjuntivo propriamente dito é riquíssimo em fibras colágenas e está presente no corpo todo, mas se diferencia em fáscia, uma estrutura fibrosa, complexa, ininterrupta e tridimensional, que envolve e interpenetra músculos, ossos, nervos, pele, vasos sanguíneos, órgãos e outras estruturas, estendendo-se da cabeça aos pés, de frente para trás e do interior para o exterior. As fibras colágenas, por sua vez, possuem “memória” e reagem de forma instantânea e tardia às interações mecânicas externas. Assim, todas as estruturas anatômicas são interligadas pela fáscia e podem ser consideradas mecanicamente solidárias umas às outras.

Um simples movimento de flexão e extensão do joelho pode ser descrito usando-se o conceito de fáscia, através da interação de uma série de vetores cuja resultante é o movimento da perna, mas com reflexos em outras partes do corpo. Esta visão diferente permite abordagens terapêuticas através da fáscia e das cadeias musculares, abordagens mais integrativas, sutis e eficientes. Nada foi inventado. Apenas mais uma nova dimensão ao movimento humano foi dada, suprindo a necessidade de uma visão global da estrutura do corpo e de seu movimento.

Uma sessão de Reeducação Postural Global é dividida em manobras passivas e ativas, consistindo basicamente de distensionamentos musculares, manipulações de tecidos moles e posturas. A manutenção destas posturas é o momento mais conhecido dentro da Reeducação Postural Global e pode ser uma experiência cansativa e desgastante. Nossa postura é definida pelo tônus muscular e pelas aderências naturais entre as fáscias. A manutenção de uma nova postura na Reeducação Postural Global faz com que o paciente recupere o tônus muscular responsável pelas estabilidades dinâmica e estática do corpo naquela postura e estabelece novas aderências entre as fáscias, tornando a nova postura mais natural e duradoura. Freqüentemente, o paciente sente os primeiros benefícios na primeira sessão. Além dos benefícios puramente físicos, temos os benefícios da consciência corporal recuperada através da reeducação corporal. Dependendo do paciente, alguma atividade física feita paralelamente pode ser necessária para a manutenção do tônus muscular, como caminhada, Yoga, método Pilates, hidroginástica e, até mesmo, musculação. Alguns casos são tratados por um número específico de sessões até o paciente receber alta; outros casos precisam ser acompanhados periodicamente com sessões de manutenção; outros casos, ainda, precisam de um acompanhamento constante.

Assim, a Reeducação Postural Global pode corrigir a má postura, mas seus objetivos vão muito além disto. A integração do corpo pela fáscia permite a correção de desequilíbrios biomecânicos e, conseqüentemente, o tratamento de hérnias de disco, desvios de coluna, dor crônica relacionada à má postura, espasmos musculares, cefaléias tensionais e diminuição de alongamento.
Nós não estamos destinados a ter disfunções posturais e biomecânicas, mas somos seres plásticos e vivemos em um ambiente que constantemente nos influencia de forma física e emocional. E somos resultados do mundo que criamos. Atualmente, o enfraquecimento progressivo da nossa percepção de toque corporal tem sido identificado como uma importantíssima causa de problemas posturais e disfunções biomecânicas. Sob o pretexto de ficar mais bonitos e de nos proteger, somos enclausurados em roupas e calçados, desde tenra infância. Somos educados que partes de nosso corpo são “proibidas”. Somos afastados fisicamente de nossos colegas e parentes. Assim, por razões sócio-culturais ou por pura ignorância ou, ainda, de forma intencional, somos educados de forma a “esquecer” cada vez mais o nosso corpo. Já conhecemos o termo Quociente de Inteligência (Q.I.) e mais recentemente muito tem sido falado sobre Inteligência Emocional. No entanto, resgatar o potencial de nossa Inteligência Cinestésica através de uma reeducação corporal seria essencial para melhorar nosso relacionamento com o mundo que nos cerca e para nosso desenvolvimento humano através do movimento.


Por Fernando M. Pinheiro


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A acupuntura e o tratamento da psoríase

Está claro que muitas doenças consideradas complicadas, de difícil resolução, desacreditadas ou inexplicadas podem ter uma boa resposta com a acupuntura. Como exemplo, apresento aqui o resumo de um estudo de caso de minha paciente tratada por acupuntura, em linguagem acessível.

A paciente, sexo feminino, 69 anos, apresentou os primeiros sintomas de psoríase aos 49 anos, após a morte da mãe e da irmã em um curto período de tempo. Desde então, a doença foi gradativamente piorando, com algumas remissões dos sinais e sintomas, mas sempre esteve presente nos últimos 20 anos, período em que passou por diversos tratamentos sem sucesso, o que contribuiu para a insegurança e a descrença pela acupuntura. A psoríase é uma doença hiperproliferativa crônica da pele, de ordens genética e autoimune, cuja origem ainda não é completamente conhecida pela nossa ciência atual, mas os fatores desencadeantes são geralmente emocionais. Seus principais sinais e sintomas são muita coceira com descamação em várias regiões do corpo, chegando a provocar ferimentos.

Dentre todos os sinais e sintomas, os mais relevantes foram os seguintes. A paciente mostrou-se como uma pessoa triste, mas irritada; falava muito e relatou ter o sono agitado, acordando algumas vezes por noite. Foram detectadas alterações emocionais de longa data (frustração e ressentimento). Apresentava pele seca, olhos vermelhos e lacrimejantes.

O diagnóstico sindrômico segundo a Medicina Tradicional Chinesa foi, resumidamente: Calor no Sangue, estagnação do Qi do Fígado e deficiência de Yin do Rim.
Os princípios de tratamento foram, também resumidamente: esfriar o Sangue, tonificar o Yin, acalmar a Mente, harmonizar o Fígado, esfriar os níveis energéticos Yang Ming e Jue Yin.

A paciente foi submetida a mais de 35 sessões semanais de acupuntura. No entanto, após as 5 primeiras sessões, ela já havia relatado diminuição considerável na coceira e as lesões diminuíram visivelmente. Com o tempo, as lesões sumiram por completo e também foram observadas mudanças no comportamento e no humor. O tratamento foi interrompido a pedido da própria paciente e os resultados foram registrados em fotos, como se vê a seguir.



Por Fernando M. Pinheiro