Freqüentemente fala-se muito sobre o Qi, seja em termos de Medicina Tradicional Chinesa, seja em termos de treinamento de Kung Fu. Assim sendo, é necessário separar o que é certo e o que é errado com relação ao entendimento de Qi. Inicialmente, não devemos confundir Qi (pronunciado corretamente como “tchi”) com o termo japonês Ki, sendo este originado das artes marciais japonesas. A dificuldade de se interpretar corretamente o significado de Qi reside intimamente na dificuldade da tradução do idioma chinês, onde a tradução literal é sempre difícil. As palavras ou ideogramas orientais evocam idéias (ideograma = “imagem que simboliza uma idéia”). Logo, na formação do ideograma da palavra “Qi”, observamos a composição de dois radicais quer representam “vapor”/“fluxo” e “arroz”/“cereal”. O ideograma final assemelha-se muito a uma panela cozinhando alimento. Pode-se entender o significado deste ideograma como algo que possui um valor muito nutritivo e energético. Ou algo que seja tão material quanto um cereal e ao mesmo tempo tão imaterial quanto o vapor. Ainda, ele pode ser entendido como algo que possui uma energia potencial ou uma determinada capacidade de realizar alguma tarefa (a idéia do vapor do cozimento deslocando a tampa da panela).
Já segundo a Medicina Tradicional Chinesa, o corpo humano possui quatro substâncias vitais básicas que participam de seu funcionamento, variando de substâncias completamente imateriais até extremamente rarefeitas. São elas: o Sangue (Xue), a Essência (Jing), os

Há dois aspectos que são bastante relevantes para a Medicina Tradicional Chinesa. Primeiro, quando o Qi não é usado para representar uma substância vital, ele pode representar o uma medida de atividade de um sistema orgânico, o complexo de atividades funcionais de nossos órgãos e vísceras, o que poderia ser comparado ao que é entendido como metabolismo pela medicina ocidental. Segundo, o Qi também é um estado constante de fluxo em níveis variáveis de agregação. Quando o Qi se condensa, a energia se transforma e se acumula numa forma física.
Para complicar a situação, alguns cientistas afirmam que a compreensão adequada de Qi também depende da forma como ela é empregada, não importando em qual área do conhecimento ocorre esta aplicação. Por exemplo, dentro da Física Moderna, o Qi poderia ser simples e realmente compreendido como “energia”, desde que transmitisse a idéia de uma “continuidade da matéria e da energia”, ou, ainda, poderia expressar “emanações radioativas” como conhecemos atualmente.

Por Fernando M. Pinheiro
Adaptação do texto original publicado no Boletim Informativo Wah Lum Brasil, nº 5 – Janeiro/Fevereiro de 2008.
Literatura recomendada:
"Fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa" - Giovanni Maciocia
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